E agora?

quinta-feira, junho 14, 2007

Foi mal. é uma vergonha. não tive mais tempo de postar.... mas vou voltar... a inspiração costuma me faltar às vezes tb...

segunda-feira, novembro 27, 2006

Gente, ando deveras ocupada, mas até o fds, eu coloco algo novo aqui.

abraços

sábado, setembro 30, 2006


Do outro lado

Eu tento me aproximar, parece em vão. Tanta gente na sua vida e ainda estou aqui: invisível para você.
Caminho ao seu lado, em meio à multidão, em meio às luzes da cidade e neon. Mas a luz me boicota, nem sombra sou.
Às vezes você parece triste e às vezes parece que eu já sou um desejo esquecido.
Queria que fosse pra sempre. E que pra sempre fosse algo maior.
Queria não ser mais um sonho e te abraçar de verdade.
Queria ter sido menos imprudente e mudado as coisas.
Ah! Por mais que eu me esforce, por mais que eu tente seguir seus passos, continuamos separados.

Sua vida continua.
E é só o que continua.

Queria que você pudesse me encontrar.
Queria poder me libertar.
Queria que pra sempre fosse algo maior.

Queria descobrir o que mais há.

sexta-feira, agosto 18, 2006

O tempo perguntou ao tempo quanto tempo o tempo tem. O tempo respondeu ao tempo que o tempo tem tanto tempo quanto o tempo o tempo tem.


wikiquote.org

quarta-feira, agosto 16, 2006

"Por que justo eu?", olhou para o espelho e para as feridas que se espalhavam sem dó por seus braços, pernas, barriga, costas... Bom, não eram exatamente feridas (pelo menos enquanto não as coçava), eram manchas avermelhadas, causadas por um processo inflamatório de origem auto-imune, cheias de cascas de pele esbranquiçadas que não cansavam nunca de descamar, todo dia, crescendo como se fossem impulsionadas por um poder de regeneração digno de Wolverine. Então. Uma doença crônica, incurável e não-contagiosa. NÃO-CONTAGIOSA! "E mesmo assim, olha só que beleza, estou entre o premiado 2% da população que tem essa MERDA."

Saiu de casa sentindo pena de si mesma, por precisar se esconder do mundo, com medo do preconceito alheio. Sentindo vergonha do próprio corpo. Com medo de nunca arranjar ninguém. Com medo de morrer virgem. Medo. E raiva.

Sabia que algum dia teria que desencanar, parar com aquela auto-piedade que não leva a nada. E daí que olhassem? E daí que ele soubesse e não quisesse mais nada? Pelo menos seria uma forma de separar as pessoas-joio das pessoas-trigo. Ainda que doesse.

Tirou a blusa de manga comprida que cobria sua regata. “Chega de passar calor à toa”. Reparou numa criança, que virava o pescoço para olhar para ela, enquanto era puxada por sua mãe, num gesto de censura. Sentiu um olhar de pena. Suspirou. Mas era hora de ligar o foda-se. Precisava encontrar um certo rapaz e tirar a limpo seus reais sentimentos.

* Campainha *

-- Ué, que cê tá fazendo aqui? – estranha o rapaz que abre a porta.
-- Você realmente gosta de mim? Realmente quer ficar comigo?
-- Eu já disse que sim. Você que nunca quis. – disse, impaciente.
-- Mesmo eu sendo feia? – e mostrou os braços.
-- Você não é feia.
-- Sou sim, olha. – mostra as pernas.
-- Já disse que você não é feia. Não foi por causa disso que você me mandou pastar, foi?
-- ...
-- Eu já sabia que você tinha isso. Vi numa comunidade sua do orkut. Pesquisei. Sei que não pega, que não tem cura. Mas que tem tratamento e é perfeitamente controlável, apesar de algumas crises que podem ocorrer de tempos em tempos. Às vezes some tudo, às vezes volta.
-- Achei que se você soubesse, iria fugir de mim. Achei melhor que eu fugisse.
-- Então deixa de ser besta e pára de fugir. Vem. – deu-lhe um beijo na testa e foram ver TV juntos.

Simples assim.

À noite, em casa, começou a rir sozinha. Pensou no tanto de vezes que fugiu dos homens, no tanto de vezes que deixou de ir em festas por não encontrar uma roupa que lhe cobrisse as pernas, não pensou na última vez que usou um biquíni em público, porque a memória simplesmente não lembrava. Pensou no tanto de castigos que se impunha, não pelo preconceito dos outros, mas pelo próprio. Ria, porque que na verdade, nunca precisou se esconder do mundo, sempre se escondia de si mesma. Seu real problema nunca esteve na pele. “Engraçado como eu demorei pra ver”.

Percebeu que tudo aquilo que ela precisava era se aceitar, imperfeita - como todos. Assim, ela se livraria do medo e da vergonha que a reprimiram por anos. Estava feliz, aliviada. Era livre para viver por completo, livre para finalmente, buscar sua plenitude.

É... Aquele dia foi uma epifania das boas.


terça-feira, agosto 15, 2006

Escuta o eco. O eco? Que eco é? É o eco que há cá. O quê, há cá eco? Há cá eco há !

Trava-lingua do dia. Cortesia de wikiquote.

quarta-feira, junho 28, 2006

Aquela menina

Quando criança, não comia melancia, com medo que nascesse uma dentro da barriga; achava que o sol era casado com a lua e a lua era feita de queijo; achava que a velocidade das nuvens se movendo no céu era a mesma da Terra girando. Queria pegar estrelas na mão. Imaginava que comer lápis de cor colorido coloria por dentro; que se plantasse moeda, nascia um pé de dinheiro; imaginava que moravam monstros embaixo da cama e que algumas bonecas eram malvadas; acreditava que Papai Noel existia e que os galhos das árvores caídos no chão, as renas tinham derrubado.

Mas acima de tudo, achava que quando crescesse seria mais feliz.

Estava cansada daquela rotina. Cansada das mesmas coisas. Da sem-gracice. Casa, trabalho. Trabalho, casa. Aliás, mais trabalho que casa. Milhares de horas extras não-pagas. E salário, sempre atrasado.

Mas seria diferente. Seria um dia de resgatar seu olhar ingênuo e fazer mil coisas gostosas. Porque precisava voltar a achar gostosas as pequenas coisas.

Já era tarde quando se espreguiçou. Ao fazer o café, esquentou as mãos no vapor. Viu a manteiga derreter no pão fresquinho que havia acabado de comprar. Estava feliz, no caminho da padaria recebeu um elogio de um estranho, mesmo estando com aquele moletom velho...

Tomou um banho bem quente e perfumado. Colocou um vestido novo, há muito tempo guardado. Foi passear.

Cumprimentou a vizinha chata com um sorriso. Tirou os sapatos para sentir a grama debaixo dos pés e foi sentar em um lugar movimentado, só observando as pessoas, porque elas sempre fazem coisas em meio à multidão achando que ninguém está vendo. Flagrou um executivo coçando a bunda, uma madame chorando, um menininho tentando espiar por debaixo das saias, uma mulher passando perfume, um adolescente tentando sentir se o braço estava fedendo, um homem fazendo xixi na árvore e uma menina maravilhada, seguindo uma trilha de formigas que levavam as folhas cortadas para casa, até que uma delas mordeu seu dedo e ela foi gritando procurar a mãe.

Já era mais de quatro da tarde, “É, o tempo passa rápido hoje”, pensou. Abriu sua bolsa e pegou um pacote de biscoitos waffer e saboreou a cada um como se fosse o último, lentamente, camada por camada, prestando atenção no barulho crec crec que o mastigar fazia dentro de sua cabeça. Lambeu os dedos e estalou os lábios. E agora?

O telefone toca. É do trabalho. “Não, hoje eu sou livre”. Não se enfiaria de novo naquela rotina de sua vida, sem coragem de fazer algo novo. Não mais sentiria saudade de ser feliz. Olhou o relógio. Suspirou. Estava quase na hora. Caminhou, sentindo o vento no rosto, achando tudo muito mais colorido que de costume.

Estava bem no alto. Olhou os trilhos lá embaixo. Último momento para lembrar as coisas boas. Do quanto era bom encher um balde d’água e brincar com a mão lá dentro, olhar para uma vela acesa e ver a chama dançar, comer um bom filé cheio de alho, beijar, abraçar, ter um ataque de riso, chorar no chuveiro só pra poder dizer que os olhos vermelhos foram por causa do xampu.

Já podia escutar o apito. Cada vez mais perto. Sim, era agora. Pulou. Mas não caiu; e o apito cada vez mais alto, gritando dentro do cérebro, sem parar, como marteladas.

NÃO!

Abriu os olhos, desligou o rádio, suspirou. O mesmo teto, a mesma cama. A mesma vida. “E eu sempre acordo”, pensou, antes de ir trabalhar, dia após dia, como de costume, se perguntando pra onde ia aquela menina que tinha coragem de fazer diferente.